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Mogli - O Menino Lobo (Jungle Book, 2016)

14:09Fernando Miranda


O Livro da Selva fascina leitores espalhados pelo mundo há mais de 100 anos. Cheio de aventuras, mensagens inspiradoras e respeito às leis da natureza, o livro já ganhou diversas adaptações para cinema, TV e outras mídias.

15/05/2016 - Por Fernando Miranda

Resenha do livro:

Se você ainda não leu O Livro da Selva de Rudyard Kipling, com certeza tem impressões pré-concebidas, graças à famosa adaptação para as telas feita pela Disney em 1967. Porém, a publicação conta uma história tão colorida e calorosa como a da animação. Está sim cheio de aventura e mistério, porém, muitos consideram os contos de Mogli e seus companheiros de selva um pouco soturnos, textos que levam a diversas e necessárias reflexões sobre nossa interação com o meio-ambiente, o trabalho e o relacionamento em sociedade.

Seu autor, Kipling, foi um produtivo poeta, contista e romancista, cuja fama cresceu de forma rápida. Nascido na Bombay, hoje Índia, então território britânico, era apaixonado pela selva e pela natureza. Morou lá até os seis anos de vida, passou mais dez anos na Inglaterra e voltou para trabalhar por mais seis anos e meio lá. Escrevia poemas que versavam sobre o domínio do império britânico e o arquétipo do soldado comum, que glorificava em vários de seus trabalhos, como Plain Tales from the Hills e Soldiers Three, coleções de histórias curtas. Recebeu diversas honrarias e prêmios. Entre eles, a medalha de outro da Royal Society of Literature. Elogiado por T. S. Eliot, sua poesia alcançou prestígio internacional, além dos seus contos e romances alcançarem rapidamente edições em todo o mundo. Recebeu a suprema honraria do Prêmio Nobel em 1907.

Capa de uma das primeiras edições de O Livro da Selva. No centro e à direita, edição da Zahar e da L&PM.












As histórias de O Livro da Selva foram publicadas separadamente em jornais e revistas entre 1893-94. As publicações originais continham ilustrações de seu pai, John Lockwood Kipling. Há indícios que algumas das primeiras edições de O Livro da Selva continham pequenas histórias escritas por sua primeira filha, Josefine, de seis anos, que morreu precocemente.

Kipling colocou em O Livro da Selva e a continuação, lançada em 1895, que contém novas histórias sobre Mogli, todas as descrições ternas e carinhosas do que ouviu e sonhou sobre a Selva Indiana. Suas fábulas usam animais como 'seres humanos', de maneira antropomórfica, para transmitir em seus diálogos valores morais os quais acreditava. Os versos de The Law of The Jungle (A lei da selva), descrevem regras para a segurança dos indivíduos, famílias e comunidades. Muitos leitores e especialistas interpretam seus escritos como alegorias que apresentam retratos da política e da sociedade de seu tempo.

Resenha do filme:

Mogli: O Menino Lobo (Jungle Book, 2016) não é a primeira adaptação do romance para o cinema. É a segunda adaptação "live action" da Walt Disney Pictures. Há o filme de 1994, dirigido por Stephen Sommers (de A Múmia e Van Helsing), estrelado por Jason Scott-Lee (que viveu Bruce Lee em Dragão: A História de Bruce Lee, 1993).



O recente filme, cujo desenvolvimento foi anunciado pela Disney em 2013, foi dirigido pelo grande John Favreau, responsável pela condução e produção de obras como Homem de Ferro I e II, Vingadores: Era de Ultron, Chef, entre outros. À época, Justin Marks foi confirmado como roteirista.  Favreau, fã da versão animada, sentiu a necessidade de realizar algo que tivesse a mesma leveza e energia deste, incluindo a memorável trilha sonora, atualizando os temas para os de hoje. "A natureza no tempo de Kipling devia ser 'superada'. Hoje em dia, é algo que deve ser protegido", disse.

Foi encorajado pelo estúdio a usar a animação como ponto de partida e expor sua visão da história usando o que há de mais moderno em captação, geração e renderização de imagens disponíveis. Porém, a inspiração para o longa vai além do universo de Kipling, e busca beber da fonte de outros filmes com temas como o relacionamento criança-mentor de Os Brutos Também Amam (1953), o estabelecimento das regras de um mundo hostil de Os Bons Companheiros (1990) e do senso sombrio da selva de Apocalypse Now (1979). 

Em agosto de 2014, Idris Elba e Bill Murray foram anunciados como dubladores de Shere Khan e Baloo, respectivamente. Logo, Scarlett Johansson, Ben Kingsley e Christopher Walken foram confirmados para os papéis de Kaa, Bagheera e King Louie. Favreau e Marks notaram que, como nos contos de Kipling, a animação de 67 tinha poucas personagens femininas. Favreau buscava alguém que tivesse a voz maternal de Raksha, que transmitisse a emoção necessária para o papel, e escolheu Lupita Nyong'o (de 12 Anos de Escravidão e Star Wars: O Despertar da Força). "Lupita tem uma performance tremendamente emocional [...] ela quer trazer isso para a mãe substituta (de Mogli)."

Lupita e Raksha, "mãe" de Mogli.


O novato Neel Sethi, escolhido para dar vida ao Mogli de Favreau

A seleção do elenco foi exaustiva, principalmente para a escolha do protagonista, e foi realizada nos EUA, Reino Unido, Nova Zelândia e Canadá. O novato Neel Sethi foi escolhido para o papel por trazer "o coração, o humor e a valentia necessárias para o personagem", segundo Sarah Finn, diretora de elenco. "Caloroso e acessível, [Sethi] também uma perspicácia que vai além da sua tenra idade, que impressionou a todos sua segurança em todas as ocasiões. O garoto logo iniciou aulas de parkour para a preparação exigida para o papel. A Pixar Animation Studios colaborou no desenvolvimento da história, dando sugestões para a sequência pós-créditos.

Favreau também pesquisou diversos filmes da Disney onde os animais antropomórficos foram usados, como em Branca de Neve e os Sete Anões e Bambi, bem como filmes modernos como Baby: O Porquinho Atrapalhado, para entender a estética e adotar algumas técnicas para tornar Mogli mais cativante. Grande parte do animais do filme foram construídos 150% maiores, ou seja, com uma vez e meia o tamanho normal. Aproximadamente 70 espécies aparecem no filme. Favreau utilizou a captação de movimentos de certos atores, tudo para evitar que as principais cenas perdessem a expressividade humana, tornando tudo mecânico e irreal demais.




Escolheu também não tornar o filme um musical. Entretanto, há música no filme. John Debney, parceiro de longa data do diretor, compôs boa parte da trilha baseado nas composições originais de George Bruns para a animação clássica, incorporando diversas músicas do original, como "The Bare Necessities", composta por Terry Gilkyson, performada por Bill Murray e Neel Sethi, entre outras.

Para a versão brasileira, a Disney preferiu escalar atores famosos para a dublagem ao invés de dubladores profissionais. O urso Baloo e a pantera Bagherah, são dublados por Marcos Palmeira e Dan Stulbach. Julia Lemmertz dá vida à Raksha, a mãe-loba. Emprestando sua voz à misteriosa serpente Kaa está Alinne MoraesThiago Lacerda emprestará sua voz para o temido tigre Shere Khan, e Tiago Abravanel dublará o malandro orangotango Rei Louie.

Matt Zoller Seitz, crítico de cinema do site Roger Ebert, sobre o lançamento:

"Assisti o filme com meu filho de 12 anos, que ficou impressionado com o que viu. Houveram momentos onde eu o invejei, mas nem tanto, porque o filme é tão pé no chão com seus efeitos, tão preciso e simples em suas caracterizações, e tão claro em sua mensagem sobre nosso relacionamento com a natureza, que me fez sentir com 12 anos de novo. Talvez mais jovem."

"O filme deve ser considerado um triunfo. A história do garoto criado por animais da floresta que está fadado a retornar para a sociedade humana foi reimaginada de forma bem humara, assustadora, afetando as aventuras familiares carregadas de mitologia com classe e frescor."

"Mesmo feito com tecnologia de ponta, traz todos os valores com coerência e sensibilidade narrativa dos clássicos antigos da Hollywood. Soa como algo que sempre existiu e só agora descobrimos."

Graças ao sucesso financeiro e de crítica, a Walt Disney Studios começou a trabalhar em uma sequência. Favreau retornará como diretor, assim como Neel Sethi no papel principal. Justin Marks volta como roteirista e o filme tem data prevista de lançamento em algum ponto entre 2017 e 2019.

Informações sobre o filme:

Mogli: O Menino Lobo (2016)
Lançamento: 14 de abril de 2016.
Diretor: Jon Favreau.
Roteiro: Justin Marks, Rudyard Kipling (livro).
Atores: Neel Sethi, Bill Murray, Ben Kingsley, Idris Elba, Lupita Nyong'o, Scarlett Johansson, Christopher Walken, Giancarlo Esposito.
Nota do IMDB: 7,9/10 (15/05).

Informações sobre o livro:

Título: O LIVRO DA SELVA
Autor: Rudyard Kipling
Editora: L&PM Pocket
Gênero: Literatura clássica internacional
ISBN-10: 85.254.0844-1
ISBN-13: 978.85.254.0844-0
Páginas: 238

Fontes: Disney, rogerebert.com, Wikipedia (eua).

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